14.4.17

REFLEXÃO | Os crucificados de hoje e o Crucificado de ontem- Leonardo Boff


Por Leonardo Boff

Hoje a maioria da humanidade vive crucificada pela miséria, pela fome, pela escassez de água potável e pelo desemprego. Crucificada está também a natureza devastada pela cobiça industrialista que se recusa a aceitar limites. Crucificada está a Mãe Terra, exaurida a ponto de ter perdido seu equilíbrio interno que se mostra pelo aquecimento global. 

Um olhar religioso e cristão vê o próprio Cristo presente em todos estes crucificados. Pelo fato de ter assumido totalmente nossa realidade humana e cósmica, ele sofre com todos os sofredores. A floresta que é derrubada pela motosserra significa golpes em seu corpo. Nos ecossistemas dizimados e pelas águas poluídas, ele continua sangrando. 

A encarnação do Filho de Deus estabeleceu uma misteriosa solidariedade de vida e de destino com tudo o que ele assumiu, nossa inteira humanidade, a natureza e tudo o que ela pressupõe em sua base físico-química e ecológica. O evangelho mais antigo, o de São Marcos, narra com palavras terríveis a morte de Jesus. 

Abandonado por todos, no alto da cruz, se sente também abandonado pelo Pai de bondade e de misericórdia. Jesus grita: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? E dando um forte brado, Jesus expirou (Mc 15,34.37). Jesus morreu não porque todos nós morremos. Ele morreu assassinado sob a forma mais humilhante da época: a pregação na cruz. Pendendo entre o céu e a terra, durante três horas agonizou na cruz. 

A recusa humana pode decretar a crucificação de Jesus; mas ela não pode definir o sentido que ele conferiu à crucificação imposta. O crucificado definiu o sentido de sua crucificação como solidariedade para com todos os crucificados da história que, como ele, foram e serão vítimas da violência, das relações sociais injustas, do ódio, da humilhação dos pequenos e do rechaço à proposta de um Reino de justiça, de irmandade, de compaixão e de amor incondicional. 

Apesar de sua entrega solidária aos aos outros e a seu Pai, uma terrível e última tentação invadiu seu espírito. O grande embate de Jesus agora que agoniza é com seu Pai. O Pai que ele experimentou com profunda intimidade filial, o Pai que ele havia anunciado, como “Paizinho”(Abba), misericordioso e cheio de bondade, Pai com traços de de mãe carinhosa, o Pai cujo Reino ele proclamara e antecipara em sua práxis libertadora, este Pai agora parece tê-lo abandonado. Jesus passa pelo inferno da ausência de Deus. Por volta das três horas da tarde, minutos antes do desenlace final, Jesus gritou com voz forte: “Elói, Elói, lamá sabachtani: Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste”? Jesus está às raias da desesperança. 

Do vazio mais abissal de seu espírito, irrompem interrogações aterradoras que configuram a mais apavorante tentação sofrida pelos seres humanos e agora por Jesus, a tentação do desespero. Ele se interroga: “Será que não foi absurda a minha fidelidade? Sem sentido a luta sustentada por causa dos oprimidos e por Deus? Não teriam sido vãos os riscos que corri, as perseguições que suportei, o aviltante processo jurídico-religioso a que fui submetido com a sentença capital: a crucificação que estou sofrendo?” Jesus encontrou-se nu, impotente, totalmente vazio diante de Deus- Pai que se cala e com isso revela todo o seu Mistério. Jesus não tem mais ninguém a quem se agarrar. Pelos critérios humanos, ele fracassou completamente. 

A própria certeza interior se lhe esvai. Apesar de o sol ter tramontado de seu horizonte, Jesus continua a confiar em Deus. Por isso grita com voz forte: “Meu Deus, meu Deus!”. No auge do desespero, Jesus se entrega ao Mistério verdadeiramente sem nome. Ele lhe será a única esperança para além de qualquer desesperança humana. Não possui mais nenhum apoio em si mesmo, somente em Deus que se escondeu. A absoluta esperança de Jesus só é compreensível no pressuposto de seu absoluto desespero. Mas onde abundou a desesperança, superabundou a esperança. A grandeza de Jesus consistiu em suportar e vencer esta assustadora tentação. 

Esta tentação lhe propiciou uma entrega total a Deus, uma solidariedade irrestrita a seus irmãos e irmãs também desesperados e crucificados ao largo da história, um total desnudamento de si mesmo, uma absoluta descentração de si em função dos outros. Só assim a morte é verdadeiramente real e completa: a entrega sem resto a Deus e aos seus filhos e filhas sofredores, seus irmãos e irmãs menores. 

As últimas palavras de Jesus mostram esta sua entrega, não resignada e fatal, mas livre: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). “Tudo está consumado” (Jo 19,30)! A sexta-feira santa continua, mas não é o ultimo capítiulo da história. A ressurreição, como irrupção do ser novo é a grande resposta do Pai e a promessa para nós. Ele é o primeiro entre muitos irmãos e irmãs que somos todos nós. 

26.3.17

QUEBRANDO PRECONCEITOS: PROJETO MOMONDO - A JORNADA DO DNA

O golpe de classe jurídico-parlamentar como farsa e tragédia


Por Leonardo Boff

A euforia dos golpistas que tiraram do poder uma presidenta legitimamente eleita com a forçação de argumentos jurídicos, terminou em poucas semanas. Agora que se conhecem as tramoias, nota-se a farsa que se transformou em tragédia nacional. Ocupam a cena, um presidente ilegítimo, fraco e parco de luzes, grande número de ministros e parlamentares denunciados pela Lava-Jato, que tentam propor com a maior celeridade possível, projetos claramente anti-povo e anti-nação. Pretendem levar até o fim o seu projeto de adesão irrestrita e agora sob Trump envergonhada, à logica do Império que busca nos alinhar a seus interesses geopolíticos. 

A tragédia de nossa história que se repete de tempos em tempos é a negação de direitos ao povo, aos pobres, é a difamação dos movimentos e de seus líderes carismáticos. Sempre irrompem no cenário político, as velhas elites, herdeiras da Casa Grande para conspirar contra eles, criminalizar suas movimentos, empurrar os pobres para as periferias de onde nunca deveriam ter saído. 

Face a todos esses, as oligarquias e, em geral, os conservadores e até reacionários, mostram-se perversos, apoiados por uma imprensa malvada e sem vínculo com a verdade pois distorce e mente. A classe dominante se irrita sobremaneira por ter permitido um trabalhador tornar-se Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, extremamente inteligente, muito mais que a maioria deles, com uma liderança carismática que impressionou o mundo inteiro. Seu governo fez mais transformações que eles, por todo o tempo que estiveram no poder. Com Lula o povo ganhou centralidade e o considera o maior presidente que este país já teve. 

Com frequência se ouve de suas bocas: “foi um presidente que sempre pensou em nós, os pobres, e que fez políticas sociais que melhoraram nossas vidas e que nos devolveram dignidade”. A nossa desigualdade é uma das maiores do mundo. Jessé Souza, ex-presidente do IPEA revelou recentemente que o topo da pirâmide social brasileira é composta por cerca de mais de 71 mil bilhardários E são beneficiados por isenções de impostos sobre lucros e dividendos, enquanto os trabalhadores são penalizados. Por isso que há crise na Previdência cuja solução proposta é tão desumana que muitos jamais poderão se aposentar. Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, 500 bilhões de reais foram sonegados em 2016 especialmente pelas grandes empresas. 

Por que os governantes não correm atrás desse dinheiro para fechar as contas da Previdência? Por que se acovardam diante da pressão dos poderosos e dos donos da grandes mídias, também elas corrompidas? Estes endinheirados não negam a democracia, pois seria vergonhoso demais. Mas querem uma democracia de baixa intensidade, um Brasil para poucos e um Estado não de direito mas de privilégio. Ocupam os aparelhos de Estado para mais facilmente se enriquecerem. 

Quase todos os políticos, com raras exceções, estão metidos em corrupções. Ao contrário, há grupos progressistas, inclusive empresários nacionalistas, que ganharam corpo no PT e nos seus aliados, não obstante a contaminação de muitos também pela corrupção, postulam um Brasil para todos, autônomo, com projeto nacional próprio que resgata a multidão dos injustamente deserdados com políticas sociais consistentes, visando a completa emancipação. 

Todos aqueles que acorriam às ruas contra a Dilma e batiam panelas, andam como zumbis, perplexos e envergonhados pela política de desmonte e entreguista que está sendo implantada. Há setores da justiça, geralmente de costas para o povo, que avalizaram o golpe, fechando os olhos para aqueles corruptos que preparam e realizaram o golpe, única forma de arrebatar o poder central que não conseguiriam conquistar pelo voto. 

Penso no PSDB, partido pretensioso, cuja base social é a classe média conservadora e intelectuais afins ao sistema-mundo, com mentalidade neocolonialista. Estes renovaram a tragédia política brasileira como foi com Vargas e com Jango, culminando com a ditadura militar. Agora no lugar dos tanques e das baionetas funcionaram as tramoias parlamentares, e com uma jurisprudência capenga, por vezes histérica, para afastar a presidenta Dilma Rousseff. 

O grande analista das políticas internacionais, Moniz Bandeira, nos advertiu da presença dos órgãos de segurança dos USA na montagem e realização do golpe no Brasil, como fizeram antes em Honduras, depois no Paraguai e agora no Brasil. Trata-se de controlar a 7º economia do mundo e enfraquecer os BRICS onde o Brasil está. Mas não triunfarão. O povo despertou, mantem viva a esperança que forjará a reconstrução do Brasil. 

Leonardo Boff 
é colunista do JB on line e escritor.
Escreveu Como cuidar da Casa Comum,Vozes 2017.

21.3.17

HOJE É O DIA MUNDIAL DO SERVIÇO SOCIAL


A terceira terça-feira do mês de março é a data escolhida como Dia Mundial do Serviço Social. Neste ano de 2017 comemora-se hoje, dia 21.
O tema definido pela Federação Internacional (Fits) e demais entidades da categoria é "PROMOVER A SUSTENTABILIDADE DA COMUNIDADE E DO AMBIENTE".

30 FATOS QUE O GOVERNO NÃO LHE CONTOU SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA


2.6.16

A MARCHA DA RECOLONIZAÇÃO DO BRASIL, por Fábio de Oliveira Ribeiro

por Fábio de Oliveira Ribeiro -  Vi primeiro AQUI 
reprodução da capa da revista PIAUÍ de junho/2016
A chegada de Michel Temer ao poder através de um golpe de estado tem despertado várias críticas dentro e fora do Brasil. Faltam-lhe quatro coisas: sensibilidade social, compromisso com o projeto de Brasil eleito junto com Dilma Rousseff, consistência nas ações administrativas e, principalmente, bom senso para não nomear bandidos para cargos importantes.
A chegada de José Serra para o Ministério das Relações Exteriores é preocupante. Serra não tem formação ou experiência diplomática. Ele é um inimigo declarado do monopólio brasileiro da exploração do petróleo em nosso território e mar costeiro. Além disto, documentos liberados pelo WikiLeakes provam que o senador paulista é um preposto da Chevron no Brasil.
Vários analistas alertam para uma recolonização do Brasil. Prova disto seria a facilitação da aquisição de terras por norte-americanos e europeus. A desnacionalização do petróleo equivaleria à uma verdadeira norte-americazação do litoral brasileiro. As riquezas que deveriam enriquecer o interior do país serão transferidas para os EUA restabelecendo uma dicotomia litoral-interior parecida com aquela que havia nos séculos XVI e XVII.
Este movimento é o inverso daquele que foi promovido pelo Regime Militar. A descolonização do Brasil foi objeto de estudo de Constantino Inanni. Em seu livro o ilustre intelectual afirma que:
“Nos últimos meses, o café apenas tem produzido o indispensável para cobrir os gastos com a importação de combustíveis e trigo, e em alguns círculos já se delineia algum pânico quando se pensa o que será da nossa economia se grandes safras de 1955 colocarem os países produtores à mercê do consumidor norte-americano ou dos especuladores da Bolsa de New York.” (Descolonização em Marcha, Constantino Ianni, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1972, pág.48)
Na época referida no texto o Brasil importava petróleo e derivados. Para fazer isto, dependia dos dólares do seu principal produto de exportação. Mas o país dependia de um problema: o preço do produto não dependia apenas dos brasileiros. Os especuladores na Bolsa de New York podiam afetar a economia brasileira de duas maneiras: abaixando o preço do café e elevando o do petróleo e derivados.
Superamos aquele cenário. O Brasil está se transformando num país exportador de petróleo. Apesar de não conseguir fixar o preço do produto, a Petrobras pode influenciar o mercado racionalizando a velocidade com que vai explorar e exporta o Pré-Sal. Mas isto não poderá ser feito se o Brasil mudar a legislação. Se as petrolíferas norte-americanas chegarem ao Pré-Sal haverá um aumento do consumo do produto nos EUA.
O preço do petróleo pode até ficar estável, mas haverá uma redução drástica no valor de mercado da Petrobras em razão da empresa ter perdido o monopólio da exploração do Pré-Sal. Não só isto, a companhia terá que disputar espaço político com concorrentes norte-americanos agressivos acostumados a subornar políticos como José Serra. Uma nova fonte de instabilidade política fincará os pés no Brasil e dificilmente conseguiremos mudar novamente a legislação sem uma guerra externa.
Não bastasse tudo isto, a redução da rentabilidade do petróleo para o Brasil acarretará uma redução nas expectativas de redistribuição de renda. Após ser congelada, a estrutura social do Brasil voltará a ser parecida com aquela que existia na década de 1950 com uma diferença. As flutuações nos preços internacionais do petróleo podem gerar desabastecimento interno, pois um país que tem maior demanda e é mais rico (EUA) certamente será considerado um destino mais seguro para o petróleo prospectado no Brasil pelas petrolíferas norte-americanas. Resumindo: podemos voltar a sofrer desabastecimento de combustíveis apesar de sermos exportadores de petróleo.
Enquanto a Rússia se prepara para controlar o preço do seu petróleo, o Brasil caminha no sentido inverso. Deixará aos estrangeiros a possibilidade de regular em que velocidade o petróleo brasileiro será prospectado e onde ele será consumido.
Ao estudar a luta contra as estruturas coloniais, Ianni citou um argumento extremamente relevante utilizado por Antônio Carrillo Flôres, Embaixador do México em Washington.
“O argumento é simples. 'No passado, quando o mundo enfrentou horas de perigo, encontraram-se fórmulas de perfeita eficácia para evitar altas excessivas nos preços das matérias-primas, mediante ação conjunta das grandes nações industriais. Parece-nos evidente que, se é possível evitar altas excessivas é possível evitar baixas excessivas.' Essas palavras singelas constituem verdadeira denúncia do egoísmo das nações altamente industrializadas que sacrificam aos seus os interesses de países produtores e exportadores de matérias-primas, que como é sabido, constituem a base da economia nacional.” (Descolonização em Marcha, Constantino Ianni, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1972, pág. 134)
Ao se transformar em exportador de petróleo nosso país já está sujeito às flutuações de preço provocadas artificialmente pelos países que importam o produto. Se deixar as petrolíferas dos EUA explorar seu petróleo pagando uma ninharia à União, o Brasil perderá uma excelente oportunidade para escapar da armadilha colonial. A única maneira de fazer isto é desenvolver aqui mesmo os conhecimentos, tecnologias, materiais e produtos capazes de serem exportados com grande valor agregado.
O financiamento da educação e da cultura pelo Pré-Sal deveria ser considerado estratégico. A descolonização do Brasil passa necessariamente pela difusão da percepção de que os estrangeiros nunca cuidarão melhor de nós do que nós mesmos. No fundo, um nacionalismo moderado é absolutamente essencial à qualquer país que pretenda tirar proveito de seus recursos naturais. No fundo foi isto o que disse o diplomata mexicano citado por Constantino Ianni.
A questão colocada ao país pelo governo ilegítimo que chegou ao poder é crucial. Que país nós queremos daqui a 10 anos? Aqueles que chegaram ao poder Michel Temer parecem odiar o Brasil. Este é certamente o caso de José Serra, homem que tudo faz para atender primeiro os interesses dos norte-americanos e sempre desdenha os interesses dos próprios eleitores que deram a ele o cargo de senador.
Uma economia nacional não deve ficar a mercê das ações predatórias do mercado. Os exemplos que se multiplica, desde 2008 deveriam servir de advertência para o novo governo. Michel Temer, contudo, não tem sensibilidade social. Ele prefere ver os brasileiros morando em favelas, morrendo de fome e sem educação universitária e assistência médica. Tudo que ele e José Serra pretendem fazer é atender o mercado. Ambos agem como se o próprio mercado fosse atender as necessidades sociais dos brasileiros e não os interesses mesquinhos daqueles que já lucraram trilhões reduzindo o padrão de vida dos trabalhadores norte-americanos e dos europeus.
A marcha da recolonização iniciada por Michel Temer deve, pois, ser combatida. Mas para fazer isto precisamos compreender melhor como e porque a descolonização era um ideal defendido nos anos 1950, 1960 e 1970. Quase ao final do seu livro, Constantino Ianni faz uma afirmação que me parece bastante pertinente:
“A situação internacional continua a caracterizar-se, na sua fase atual, pelos conflitos agudos nas zonas coloniais, o que, no entanto, não reduz a importância da competição entre as grandes potências no plano diplomático e econômico.” (Descolonização em Marcha, Constantino Ianni, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1972, pág. 228)
No plano internacional, é evidente que os EUA estão perdendo espaço econômico para a China. As ações de Washington na Europa evidenciam o temor norte-americano produzido pelo renascimento da Rússia como potência militar global. Uma aliança econômica e militar entre estas duas potências seria desastrosa para os norte-americanos, razão pela qual eles lutam de todas as maneiras para destruir o BRICS. José Serra prometeu retirar nosso país do bloco. Ninguém sabe quanto ele ganhará fazendo isto.
A campanha suja promovida contra Dilma Rousseff pela imprensa brasileira privada que lucra fazendo propaganda dos produtos das empresas norte-americanas instaladas no país – campanha esta que provavelmente foi orquestrada pela Embaixada dos EUA como ocorreu de 1962 a 1964 – e seu resultado não deixam dúvidas. Nós estamos já estamos numa zona colonial em conflito. E o conflito será ainda mais agudo se houver resistência violenta ao novo governo que pretende submeter totalmente o Brasil aos interesses do mercado, transformando nosso território em zona livre e desregulada em detrimento dos direitos e dos interesses da maioria da população brasileira.
A recolonização do Brasil já está em curso a algum tempo. O golpe contra Dilma Rousseff é apenas o ápice de um processo que já vinha ocorrendo há mais de uma década. A submissão completa do Brasil aos interesses mesquinhos dos EUA tem relação, sem dúvida alguma, com a assustadora e desenfreada expansão dos cultos evangélicos no país. Alguns destes cultos são mais ou menos financiados por norte-americanos. Como os índios dos séculos XVI e XVII, os brasileiros estão sendo ideologicamente domesticados para acreditar que os novos invasores (financistas norte-americanos e europeus) cuidarão melhor de Pindorama do que aqueles que aqueles que habitam o Brasil.
A substituição da religião católica pelo evangelismo pró-mercado está provocando a destruição da nossa identidade, da nossa cultura, do nosso Estado e da soberania do Brasil. Mas esta é uma questão sobre a qual a CNBB deve refletir. De qualquer maneira, não foi por acaso que Eduardo Cunha, um pastor evangélico desonesto e procurado pela Justiça, admitiu o absurdo pedido de Impedimento feito contra Dilma Rousseff e comandou a aprovação deste pelos parlamentares evangélicos e seus aliados ocasionais (os deputados bandidos). A recolonização financeira e religiosa do Brasil esta na origem do golpe de estado que ameaça o futuro do país e que pretende revogar todas as conquistas sociais dos governos Lula e Dilma.

31.5.16

Fora Temer! Dia 10 de junho - Dia Nacional de Mobilização contra o golpe


Com menos de um mês da aplicação do golpe, a conta já chegou aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. O presidente ilegítimo e golpista, Michel Temer, não esconde o que estava por trás do afastamento ilegal da presidenta Dilma Rousseff: reforma da previdência, com arrocho nos direitos dos trabalhadores, desvinculação do orçamento da educação e saúde, suspensão de programas sociais como Minha Casa, Minha Vida, FIES, PROUNI e PRONATEC, criminalização e perseguição dos movimentos sociais. 

Os escândalos de corrupção envolvendo Aécio Neves, Temer e  Eduardo Cunha demonstram que os chefes do golpe arquitetaram toda movimentação para derrubar a Presidenta Dilma, sem crime de responsabilidade, para  parar as investigações da Lava –Jato, usurpar o poder e aplicar o projeto mais neoliberal da história do Brasil. 

Não reconhecemos o governo golpista, Temer não governará. A rua já é o nosso lugar de resistência, as ocupações são os comitês de resistência, e a luta o nosso lema. Não temos nada a Temer. Por isso, convocamos toda população brasileira, que preza pela democracia e que não reconhece o governo golpista, a ocuparem as ruas e avenidas no dia Nacional de Mobilização pelo “Fora Temer”, no dia 10 de junho de 2016. Seremos milhões em todo o Brasil.  
 


Frente Povo Sem Medo / Fotos: CUT; ‏@MidiaNINJA; Paulo Pinto/Agência PT e Guilherme Santos/Sul21